quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

A IGREJA E SEUS OFICIAIS


Etimologia e Conceito de Igreja

A palavra Igreja(eclesia) é de origem grega (εkkλησια) e significa tirados para fora. Eclesia significa também assembléia. Pode-se entender Igreja como o conjunto de salvos pelo poder redentor de Cristo Jesus, organizados m comunidades locais para adoração a Deus, edificação dos seus membros, proclamação do Evangelho e cuidado dos santos necessitados.

A Amplitude da Igreja

A Igreja em sua amplitude divide-se em Igreja Universal (Mt 16.18; Hb 12.22-24; Jo 17.20, 21; 1 Co 12.13; ...) e Igreja local (Mt 18.17; At 13.1; 1 Co 1.2; Ap 1.11...)
A Igreja na sua expressão Universal compõe-se de todos os salvos em todas as épocas, inclusive aqueles que hão de ser alcançados com a salvação eterna no futuro. Essa expressão da Igreja já está completa segundo o plano eterno de Deus. A Igreja na sua expressão Local compõe-se dos salvos, organizados em comunidades locais, em determinadas áreas, segundo padrão neotestamentário, com seus líderes constituídos por Deus.

O Ministério da Igreja

Segundo as Sagradas Escrituras, a Igreja foi constituída por Deus, para a realização de alguns propósitos específicos, a saber:

a) Adoração – Adorar a Deus em espírito e em verdade é uma das finalidades da existência da Igreja. Sl 96.7-9; Mt 4.10; Jo. 4.23,24; Hb 13.15;...
b) Edificação – Os salvos em Cristo, nascidos de novo, são edificados espiritualmente pela Palavra de Deus proclamada nas reuniões da Igreja. Para promover essa edificação, Deus deu a Igreja ministérios específicos. Ef 2.20-22; 2 Pe 3.18; Ef 4.11-16; Rm 12-6-8; 1 Pe 4.10, 11; ...
c) Proclamação ­ - A Igreja tem a incumbência de proclamar a mensagem do Evangelho para testemunho a todas as pessoas, no mundo inteiro. 1 Pe 2.9; Mc 16.15, 16; Lc 24.47; Mt 28.18-20; ...
d) Beneficência – A existência do pobre no mundo é uma oportunidade que Deus dá a a quem dele recebeu bens para exercer o ministério da misericórdia, especialmente aos santos necessitados. Cuidar dos pobres é uma das atribuições da Igreja. Mc 14.7; Gl 6.10; Hb 13.16; 2 Co 9.12; 2 Co 9.1; At 6.1-3;...

As Ordenanças da Igreja

a) Batismo Cerimonial; b) Ceia Memorial
O Senhor Jesus ordenou que os que cressem no seu nome fossem batizados com água em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, e essa tarefa compete a Igreja realizar, através de seus ministros devidamente ordenados (Mt 28.19; Mc 16.15; At 2.38, 41; 8.12;...). Deixou ainda o Senhor Jesus a ordenança da celebração da Ceia Memorial, onde o pão e o vinho têm a sua representatividade, respectivamente, o corpo e o sangue de Cristo. A Ceia é um memorial da morte redentora do Senhor Jesus Cristo (Mt 26.26-28; Mc 14.22-24; Lc 22.19, 20; 1 Co 11.23-32).

Os Oficiais da Igreja

Para oficiar na Igreja Local, especificamente, foram instituídos por Deus os ofícios de Pastor, Presbítero e Diácono, cada um com suas atribuições específicas. Ao Pastor compete Pastorear o rebanho de Deus, a Igreja. Ao Presbítero cabe o auxílio ao Pastor no pastoreio dos membros da Igreja e ao Diácono cabe cuidar das temporalidades da Igreja, especialmente, da beneficência.

A Instituição do Pastor como ministro do Evangelho com o objetivo de pastorear a Igreja do Senhor encontra-se nos textos de Jeremias 3.15; Efésios 4.11; Atos 20.28; 1 Timóteo 3.1; 1 Pedro 5.1-4; Apocalipse 1.20; ... Os textos referentes à instituição do Presbítero na Igreja são encontrados em Atos 14.23 e Tito 1.5. Outros textos são usados, intercambiavelmente para nomear Presbíteros, Anciãos, Bispos, Pastor: Atos 10.2, 4, 6, 23, 28; 1 Timóteo 3.1-7; 5.17, 18; Tito 1.5-9; 1 Pedro 5.1-4;... Quanto aos Diáconos encontramos a sua instituição em Atos 6.1-6. No texto de Filipenses 1.1, eles são identificados como liderança na Igreja e em 1 Timóteo 3.8-13 encontramos o seu perfil delineado.

Dada a importância desses ofícios dentro da Igreja Local, as qualificações desses líderes são especificadas nas Sagradas Escrituras, além do perfil de um crente comum. As qualificações de Pastor e Presbítero são uma só, pois ambos os ofícios foram constituídos para pastorear a Igreja, e encontram-se nas cartas de 1 Timóteo 3.1-7 e Tito 1.5-9 e o perfil do Diácono é encontrado em 1 Timóteo 3.8-13, conforme dito no parágrafo anterior.

Entre os Presbíteros, as Escrituras identificam aqueles que são responsáveis pelo ensino da doutrina através da Palavra de Deus (Presbíteros Docentes - Pastores) e os outros são designados Presbíteros Regentes, ambos ligados ao governo da Igreja (1 Timóteo 5.17). Deve-se observar que, tratando-se de governo de Igreja, cabe a ela através de suas assembléias governar-se a si mesma, sendo os Presbíteros (Docentes e Regentes) os oficiais que recebem delegação para cuidar do seu governo, sendo as suas decisões homologadas por ela através de assembléias regularmente convocadas. (Mt 18.17; At 1.15, 23; 6.2-5; 14.22, 23; 15.23; 2 Co 8.18,19).

Uma vez que a Igreja escolheu dentre os seus Presbíteros, um para dirigi-la que é o seu Pastor, esse ofício é identificado nas Escrituras como representante da Igreja diante de Deus. Nas sete cartas do livro de Apocalipse (capítulos 2 e 3), cada Igreja tem o seu anjo (Pastor), que é o responsável, juntamente com os outros oficiais Presbíteros pelo seu governo. Esses anjos da Igreja são elogiados ou repreendidos por Deus de acordo com o estado espiritual daquelas comunidades evangélicas.

É verdade que existem muitas tensões no cotidiano do ministério da Igreja entre esses oficiais. Encontramos Pastores ditadores que querem governar sozinhos bem como Presbíteros e até diáconos que querem sufocar e controlar o ministério pastoral. Evidentemente que isso é um erro crasso, pois ao instituir esses ministérios na Igreja, Deus os definiu, estabeleceu os seus espaços e as suas responsabilidades e os abençoou, visando a um trabalho harmonioso para a edificação da Igreja e o atendimento de suas necessidades espirituais e materiais. No livro de Atos encontramos isso bem delineado: os apóstolos cuidavam da parte espiritual e os diáconos da parte das temporalidades (beneficência) da Igreja.

É importante observar também a questão da decisão da Igreja quando escolheu o seu Pastor para liderá-la, dando-lhe poderes estatutários para geri-la e representá-la perante a Denominação a que pertence, perante as outras Igrejas e perante as Instituições civis do nosso País. Ainda convém lembrar que esses ministérios recebem ordenações específicas por uma Denominação (Pastores) ou pela Igreja local (Presbíteros e Diáconos).

Tratando-se de Pastores e Presbíteros de uma Igreja Congregacional filiada a Aliança das Igrejas Evangélicas Congregacionais do Brasil, ambos fazem parte de um quadro específico de obreiros (o Pastor faz parte do quadro de Ministros do Evangelho e o Presbítero faz parte de um quadro de Presbíteros), atribuindo-se a eles direitos e deveres, sendo os dois ofícios jurisdicionados pela nossa Denominação.

Todos esses ofícios devem ser considerados como da vontade de Deus para uma Igreja Local, devem ser respeitados por todos os membros e ajudados em oração para que os seus ocupantes desempenhem bem as atribuições especificadas nas Sagradas Escrituras.


Pastor Eudes Lopes Cavalcanti
Ministro Congregacional
Julho de 2005

Nenhum comentário: